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Aprendendo a aprender

Foto do escritor: Ricardo AltavaRicardo Altava

“O esclarecimento só ocorre quando, além de saber o que o autor escreveu, você também sabe o que ele quis dizer com o que escreveu e por que escreveu o que escreveu.” — Mortimer Adler


Quando me aventurei nos estudos da obra de Santo Tomás de Aquino, não tardei perceber que (primeiramente: sou muito burro) seria de extrema importância para a perfeita compreensão de sua obra, sobretudo d’A Suma Teológica, estudar a Metafísica de Aristóteles. Pois bem, após iniciar o estudo da Metafísica, devido à dificuldade do próprio tema, achei adequado — para perfeita compreensão — recorrer ao auxílio de alguns comentaristas da obra do Estagirita (além da obra de outros autores, que, de uma maneira ou outra, penetram, ou esbarram no tema, como: “Tratado de Simbólica” e “Filosofia Concreta” de Mário Ferreira dos Santos, “Lógica Simbólica” de Vicente Ferreira da Silva, a biografia de “Santo Tomás de Aquino”, escrita por G. K. Chesterton, a Bíblia e algumas pesquisas aleatórias na obra de Eric Voegelin — um trabalho muito útil para a compreensão da Metafísica é o Ensaio introdutório à Metafísica de Aristóteles, de Giovanni Reale)… E quem foi que surgiu em meio aos principais comentaristas? O próprio Tomás de Aquino. Pois é… Recorri a Aristóteles para expandir a compreensão da obra de Tomás de Aquino, e, por fim, recorri a Tomás de Aquino para compreender melhor a Metafísica de Aristóteles.


“Todos os homens desejam por natureza saber.”


Aos trancos e barrancos vamos colocando ordem nesta bagunça e aprendendo a aprender… Para o estudo da obra de Santo Tomás (e das referidas obras auxiliares), uso (adaptando) o método que o próprio Tomás de Aquino usava para comentar as obras que analisava, através da exposição de sentenças silogísticas: ler, analisar e sintetizar.


Vejamos:


1 — Ler cada parágrafo de uma passagem do texto da obra;


2 — Identificar e ordenar os argumentos presentes;


3 — Anotar as principais teses, ideias e palavras desconhecidas;


4 — Separar o que é simples do que é complexo;


5 — Reescrever o que é simples com outros exemplos;


6 — Decompor o que é complexo em partes simples e exemplificar para melhor compreensão;


7 — Deduzir desta análise o que é fundamental;


8 — Expor o tema (refletir; reescrever);


9 — Pesquisar outros exemplos referentes ao tema em outras obras do mesmo autor e nas obras de outros autores e


10 — Comparar o estudo feito com as interpretações de outros comentadores e estudiosos da mesma obra.


A saber: a construção e ampliação da linguagem consistem em partes na apreensão cada vez mais abrangente da própria realidade — o que é essencial para o estudo e compreensão de qualquer assunto. Para tanto, a simples assimilação das Dez Categorias Máximas do Ente, descobertas por Aristóteles, sendo: a substância e seus nove acidentes: quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, situação, hábito, ação e paixão, seria mais que suficiente para tirar um sujeito do estado de inabilidade e incapacidade de interpretação de um texto — quem dirá de sua própria existência.


O ideal é que o estudante encontre o meio que melhor lhe apraz. Entretanto, vale alguns conselhos: estude sempre com um lápis na mão, sublinhe as palavras-chave, nomes, datas, frases importantes e sobretudo os trechos que contenham os principais argumentos e/ou as premissas; e não deixe de escrever — para tanto use lápis ou caneta — com suas próprias palavras um resumo ou uma síntese do que aprendeu.


Ricardo Altava

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